quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

VI Alvorada de São Benedito 2013 - Ourém/Pará


Aconteceu no amanhecer de 24/12/2013 a VI Alvorada de São Benedito, pelas ruas da cidade de Ourém, e, também, pelo rio Guamá, que banha a cidade bicentenária, localizada no nordeste paraense, a cerca de 180 km de Belém do Pará.

Mais uma vez, a Alvorada em homenagem ao Santo Preto atraiu algumas dezenas de populares e contou com a presença de  Mestres de Bois Bumbás da cidade(Sales Machado, João Ceguinho, Faustino e Tuite) e da Tripulação de São Benedito(Tio Velho, Seu Juquinha, Domingos, Gregório e outros), grupo que anima a procissão oficial de São Benedito, promovida pela Igreja Católica, na tarde do mesmo dia. Presença marcante é das crianças, que mesmo com o cedo da hora, acordam e acompanham seus pais, participando ativa e alegremente de toda a procissão popular. E assim, vai-se construindo por meio da transmissão oral(griô) dessa tradição, passada de pai para filho, de geração em geração, para que a festividade de louvação a São Benedito continue.


Durante toda a caminhada, de mais de 5 km, majoritariamente pela periferia de Ourém, são entoadas várias músicas em louvor a São Benedito, dentre as quais a ALVORADA BENEDITINA DE OURÉM, composta especialmente para a Alvorada por Arlindo Matos, presidente da Fundação Cultural de Artes e Esportes Mundico e Manola - FUNCARTEMM, promotor do evento, que nos ensina que "esta Alvorada é uma manifestação introduzida por nós há seis anos, para remomorar a antiga procissão fluvial de São Benedito que existiu em Ourém até a década de 1960. Aquela, que é centenária também é feita no mesmo dia 24/12, só que pela parte da tarde e por via terrestre, mas já ultrapassa mais de 150 anos e é acompanhada por cerca de 10 mil pessoas todos os anos, com a chancela da igreja católica da paróquia."
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Cada olhar traduz um segredo
Pra bem cedo o santo louvar
Benedito, meu santo preto
Tua fita eu quero beijar
Peregrino sem pressa, sem medo
Em cortejo, rezo a ladainha
Agradeço em prece essa graça
Mesa farta, harmonia em família
No balanço da canôa
No banzeiro do Guamá
Em romaria no rio      
Rio abaixo a navegar___
Filharada na barra da saia
Reco-reco, viola, tambores
Pretos, brancos, mulatos, mestiços
Teu andor adornado de flores
As bandeiras abrindo caminho
O menino em seu colo é a bênção
Te saúdo com muitos foguetes
Te ofereço singela oração

Durante todo o trajeto, fogos de artíficio vão acordando os moradores da cidade e os devotos vêm para frente de suas casas para receber a benção do São Benedito, que vem, entre bandeiras vermelhas, fitas e flores coloridas, carregado cuidadosamente, ora do lado esquerdo ora do lado direito do peito, por senhoras devotas. Aqueles que não podem sair de casa, seja por doença ou em razão da idade avançada, o Santo Preto vai ao encontro destes especiais fiéis, cumprindo assim sua sina, de matar a fome de fé de seu povo mais necessitado. E tudo sempre ao som dos tambores e da voz firme dos participantes a entoar seus louvores.





Após as bençãos generosamente concedidas, a procissão segue seu rumo natural mais próximo à natureza, atravessando uma fazenda aparentemente abandonada, onde algumas cabeças de gado se alimentam e vêem a distância Benedito chegar às margens do rio Guamá, agora já com os primeiros raios de sol a iluminar. Por água, a procissão segue, rio Guamá abaixo, com os devotos embarcados em cinco canoas e rabetas dos fiéis ribeirinhos que já aguardam a postos a chegada de todos para seguir vagarosamente orando e cantando até a frente da cidade.




O encerramento da procissão se dá na praça em frente à Prefeitura, aonde é rezada a ladainha, em latim, pela Tripulação de São Benedito e, logo em seguida, é servido um café da manhã, finalizando com a distribuição de mil pães, revivendo assim a partilha do Santo Preto, que era pobre e descendente de escravo, que foi lavrador, pastor de ovelhas. Benedito era analfabeto, mas doutor em humanidade, e como cozinheiro do Mosteiro franciscano onde chegou a ser eleito o Superior, de lá retirava alguns alimentos para dar aos pobres, que tinham fome. Escondia-os dentro de suas roupas e os levava para os famintos que enchiam as ruelas das cidades. Conta a tradição que, em uma dessas saídas, o novo Superior do Convento o surpreendeu e perguntou: “Que escondes aí, embaixo de teu manto, irmão Benedito?” E o santo humildemente respondeu: “Rosas, meu senhor!” e, abrindo o manto, de fato apareceram rosas de grande beleza e não os alimentos de que suspeitava o Superior.




Então viva a partilha, a doação, a solidariedade!
Viva nosso Benedito, nosso santo Preto!
Viva sua Alvorada e seus fiéis seguidores!!!

Todas as fotos estão disponíveis no nosso álbum do flickr:
http://www.flickr.com/photos/mochileirotuxaua/sets/72157639239077866/

Meus sinceros agradecimentos ao Arlindo Matos por nos proporcionar as condições necessárias para a realização deste registro cultural.




Jonas Banhos
Blogueiro da Cultura Popular Viva
jonasbanhosap@gmail.com
(61) 8167 1254

sábado, 5 de janeiro de 2013

Zambiapunga: do Baixo Congo para o Baixo Sul baiano (Nilo Peçanha)


O termo tem origem, provavelmente, no nome do deus supremo dos Candomblés, ou seja, Zamiapombo. É caracterizada pelo uso de búzios gigantes, enxadas e outras ferramentas agrícolas, que são tocados como instrumentos de percussão pelos componentes A zambiapunga caracteriza-se, também, como um divertimento das pessoas envolvidas, que saem, de madrugada, com o intuito de acordar a população com sons dos instrumentos.
 
Por quase quatro séculos a economia do Brasil colônia, e posteriormente imperial, foi sustentada pela exploração da mão-de-obra escrava africana. Estes africanos foram trazidos à força para o Novo Mundo e, por não serem culturalmente homogêneos, trouxeram sua diversidade lingüística, religiosa, social e política para o Brasil, o que contribuiu decisivamente para nossa riqueza cultural. O Zambiapunga de Nilo Peçanha é uma manifestação atual da cultura popular baiana cuja origem liga-se profundamente a aspectos culturais importados do continente negro.

foto 2 e 3


Zambiapunga é um grupo de homens mascarados que saem às ruas de Nilo Peçanha tradicionalmente na madrugada do dia 1o de novembro, dia de Todos-os-Santos, véspera de Finados, vestindo roupas coloridas feitas com panos e papeis de seda e percutindo instrumentos peculiares como enxadas, búzios, cuícas rústicas e tambores.

É provável que o Zambiapunga do Baixo-Sul baiano era ou integrava um ritual religioso de uma parcela dos africanos escravizados. Para entendermos esse aspecto é necessário fazermos uma análise etimológica do termo "zambiapunga" e enumerarmos alguns aspectos da religiosidade dos povos cujo termo citado se liga: os Bantos.

Zambi ou Nzambi-a-Mpungu é o Deus supremo de povos bantos do Baixo Congo.1 A relação entre a palavra "zambiapunga" e o Deus supremo de africanos é a primeira evidência da origem religiosa do folguedo atual.

Para compreendermos a segunda evidência da origem religiosa do Zambiapunga é necessário falarmos um pouco sobre os Bantos e sua religiosidade. Os bantos, povos cujas línguas possuem uma origem comum e, por isso, o termo "Banto" delimita um grupo lingüístico africano e não uma etnia, vivem em todo o território abaixo do equador, ocupando uma área de 9.000.000 Km2 e englobando190.000.000 de indivíduos.2 Apesar das grandes especificidades culturais que pode haver entre 190.000.000 de indivíduos, os Bantos possuem outras características culturais semelhantes além do parentesco lingüístico. Segundo Nei Lopes, "(...) parece que em todas as religiões bantas os espíritos dos ancestrais são os intermediários entre a divindade suprema e o homem. Assim, são eles que levam as oferendas dos fiéis e intercedem em seu favor junto a Nzambi(...)".3 Essa importância do espírito dos ancestrais na religiosidade Banto é o segundo fator que evidencia o caráter religioso inicial do Zambiapunga.
foto: 4

Primeiro, a data tradicional do Zambiapunga ir às ruas em Nilo Peçanha é a madrugada de 1o de novembro, dia de Todos-os-Santos e véspera do dia de Finados. Nestes dois dias a população local volta sua atenção para a lembrança de seus mortos que são homenageados com flores, velas e missas. Não existia momento mais propício do calendário católico para um cortejo que refletia uma religiosidade baseada na ancestralidade ir às ruas.

Outra evidência do caráter religioso inicial do grupo é o significado do termo "Mpungu" de Nzambi-a-Mpungu. Segundo vocabulário construído por Aires Machado Filho e reproduzido por Nei Lopes4 , a palavra "Mpungu" é provavelmente sinônima de "defunto". Yeda Pessoa traduz, por sua vez, "nzambi ampungu" como o grande espírito e "saami ampunga" como os grandes ancestrais. "Mpungu", "ampungu" ou "ampunga" são palavras bantos que se referem aos mortos, aos antepassados, o que evidencia a relação da origem do ZambiAPUNGA atual com a religiosidade Banto.

Com o tempo o caráter religioso se perdeu e permaneceu uma bela manifestação da cultura popular. O Zambiapunga ficou inativo em Nilo Peçanha cerca de 20 anos ( entre as décadas de 1960 e 1980) sendo revitalizado em 1982 pela professora Lili Camardelli e seus alunos do Ginásio de 1o Grau Adelaide Souza. Após essa revitalização o Zambiapunga nilopeçanhense tornou-se uma das maiores manifestações folclóricas do Estado da Bahia. Sua importância é refletida na participação do grupo em eventos internacionais de peso ( como ECO 92 e PERCPAN); por ter sido capa de periódicos internacionais ( The New York Times) e por ter sido tema de diversos documentários e programas de TV ( "Brasil Legal", produzido pela Rede Globo e exibido em 01/07/1997; "Caretas e Zambiapunga", produzido pelo IRDEB; "Nilo Peçanha e o Zambiapunga", produzido pela TV Salvador e exibido em 05/2001; "Na Carona", produzido pela Rede Bahia e exibido em 2001, entre outros.).
* Texto de Alexandre Guimarães (graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia/UNEB-CAMPUS V).
Onde assistir: Valença, Nilo Peçanha e Cairú

fonte: http://www.visiteabahia.com.br/visite/atracoes/folclore/zambiapunga.php

Leia mais em:
http://www.mda.gov.br/feirars/paginas/Zambiapunga

Crédito das fotos:
foto 1: http://www.visiteabahia.com.br/visite/atracoes/folclore/zambiapunga.php
foto 2 e 3: http://www.colegiomiro.com.br/gincana/zambiapunga/
foto 4: http://tangolomango2008.wordpress.com/2008/10/05/uma-voltinha-por-salvador/


 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Figureiras do Vale do Paraíba(Taubaté/SP)

A cidade de Taubaté-SP fica no Vale do Paraíba, distante 134 km de São Paulo capital, situando-se na margem da Rodovia Presidente Dutra-estrada que liga o Rio ao estado de São Paulo-SP.
 

 
 
 





As Figureiras de Taubaté são assim denominadas por serem mulheres, a maior parte dos artesãos.
No entanto, atualmente, há homens exercendo o ofício. Estas mulheres são exímias na arte de esculpir em barro cru obras que espelham o cotidiano da vida do interior com seus usos, tipos,costumes e temas religiosos.

 


      
 
 

 
 

Os trabalhos de modelar pequenas figuras iniciaram-se através dos frades franciscanos do Convento de Santa Clara, no século XVII, que encomendavam às mulheres, por ocasião das festas natalinas, a confecção de presépios com cenas relativas ao nascimento de Jesus: o Estábulo de Belém, a Manjedoura, São José, Nossa Senhora, os Reis Magos, a Estrela e os animais-burrico, boi, vaca, carneiro etc.

Com o tempo, com muita criatividade, sensibilidade e humor, as figureiras passaram a espelhar em seus trabalhos outros temas.
Novos personagens surgiram representados por pequenas figuras sempre bem coloridas, com dimensões entre 3 e 25 cm,
retratando o cotidiano, as profissões, as festas religiosas, os animais e o imaginário popular.


Assim surgiram o Pavão (também chamado de Galinho do céu), a Chuva de Pavões, o São Francisco com os pássaros,
Nossa Senhora das Flores, Nossa Senhora de Aparecida, e muitas outras figuras.



As figureiras modelam suas obras usando barro que é amassado delicadamente com os dedos. Usam para dar acabamento ferramentas improvisadas do tipo: estiletes, facas, palitos, hastes de bambu etc. Em algumas figuras são aplicados componentes, como arame e outros materiais.

A maioria dos trabalhos são esculturas de pequeno porte e por esta razão não necessitam ser levadas ao forno para queimar, já que se tratam de objetos decorativos, que, pela sua natureza e utilização, são pouco manuseados. Observamos que o uso do barro cru não traz maiores inconvenientes, já que a relativa fragilidade das peças não é fator que mereça preocupação. Como se sabe, trabalhos com argila somente se tornam duros e pouco quebradiços quando cozidos numa temperatura
superior a 500° C.

As peças são secas ao tempo, por cerca de 24 horas. Em seguida, inicia-se a decoração, quando são pintadas, nos mínimos detalhes, com tintas comerciais do tipo, acrilex, suvinil, pó xadrez e similares.

Uma das características do trabalho de todas as figureiras são as cores vibrantes das peças. Aplicam
muito um azul de tom forte, amarelo, verde, branco, preto, vermelho, prateado, dourado, etc.
Os principais tipos e cenas abordados pelas figureiras são: O Pavão, também chamado Galinho do Céu, sob várias formas e sua Chuva. A Galinha d'Angola sozinha e na forma de chuva, Arca de Noé, os tipos regionais-lavadeiras, passadeiras, jardineiros, lenhadores, vendedores de galinha, mulher alimentando as galinhas com milho, mulher socando o pilão, preta velha, pescador, violeiro, pedreiro, sanfoneiros, palhaço, carro de boi; os animais- bois, carneiros, raposas, beija-flores, burrinho, galo, galinha, pavão, onça, joaninha e muitos outros; as danças típicas-quadrilha, bumba meu boi, da fita, grupos de Moçambique, roda de jongo, congadas, a folia do divino e dos reis;os Santos-Nossa Senhora das Flores, Nossa Senhora da Aparecida, São Francisco com os pássaros, Sagrada Família e presépios apresentados com variados componentes e formas.

      São modelados também os personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, de autoria do escritor Monteiro Lobato, que era taubateano - Emília, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia e o Jeca-Tatu.







Inicialmente, eram feitas somente Chuvas de Pássaros com pavõezinhos, mas,
atualmente, há outras Chuvas , de Galinha d'angola, de Bois, de Bumba,
de Pato, de Carneiro etc.





O Pavão, uma das primeiras figuras criadas, que aliás é o símbolo do folclore de Taubaté, inicialmente tinha como cor predominante o azul mas, atualmente, é decorado também com as cores-vermelho, branco etc



Muitas das figuras, como o Pavão, a Galinha d'angola, as Chuvas, os Presépios e outras, são temas comuns modelados por muitos dos artistas. Cada obra, no entanto, tem características próprias de criação com sutis diferenças entre umas e outras. Não há entre os artesãos nenhuma restrição, pois ninguém se julga dono, com exclusividade, de nenhuma imagem.
Em Taubaté os trabalhos das figureiras são encontrados, basicamente, em dois lugares: na Casa do Figureiro e nas proximidades, na rua Imaculada Conceição, no Alto de São João.


A Casa do Figureiro, uma espécie de cooperativa, está situada na rua dos Girassóis 60-Campos Elíseos-Tel (12) 3625-5154, CEP 12090-290. Leva o
nome de Maria da Conceição Frutuoso Barbosa, falecida em 1950, em homenagem à religiosa que liderou a construção da primitiva Capela da Imaculada Conceição.
http://www.casadofigureiro.com.br

Lá estão reunidos dezenas de artesãos. Em out/01 eram aproximadamente 42: Alice, Arlete, Benê, Décio, Dri, Ismênia, Jana, Jorginho, Josi, Mara, Nelson,Teça, e muitas outras e outros.
No local há um grande salão onde são expostas e comercializadas as peças dos artistas. Existe uma oficina que é também aproveitada para a realização de cursos dirigidos para a comunidade, ministrados pelo SEBRAE, pela UNITAU-Universidade de Taubaté, que ensina inglês para que as figureiras possam melhor atender aos visitantes estrangeiros, e pela SUTACO-Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades, órgão do governo estadual que promove e incentiva o artesanato paulistano.

Na rua Imaculada residem as mais antigas e conceituadas figureiras da cidade. Destacam-se as irmãs Maria Luiza Santos Vieira, Cândida Santos Vieira e Edith Santos Vieira, esta última, já falecida (1927-1998), que, há cerca de 65 anos, trabalham esculpindo figuras, tendo aprendido a modelar com o pai, a mãe e tias. Elas residem, comercializam suas peças e trabalham numa simpática casa situada na rua Imaculada n° 654. Num pequeno galpão, nos fundos, produzem seus trabalhos, juntamente com outros componentes da família, sobrinhos e afins que também exercem o ofício: Eduardo, Claudete, Thais, Silvia, Claudia, Silvia Helena.
Contatos: (12) 3632-8599 e (12) 3629-4922 – Eduardo odraude39@hotmail.com .
 
Recentemente, juntou-se, ao grupo familiar, outro irmão. Trata-se de José Domingos que esculpi, principalmente, figuras representativas do cotidiano rural - lenhadores, carro de boi, onça, jeca tatu e outros tipos regionais.
 
É de autoria de Cândida, a famosa figura do Pavão, que é apresentada sob várias formas:com a cauda levantada, com a cauda caída (pavoa), de relevo, com penas arrepiadas, e pavão recoberto, com penas de galinha, bem como a Chuva de Pássaros. A figura do Pavão foi inspirada nos pavões que existiam numa praça da cidade e a chuva ao observar árvores com muitos pássaros em seus galhos.

O site oficial das Figureiras de Taubaté é http://www.figureirasdetaubate.com.br/ .


FO NTE:
http://www.ceramicanorio.com/artepopular/figureirastaubate/figureirastaubate.htm

Luiza criou a Arca de Noé e dezenas de profissionais-lavadeiras, passadeiras, jardineiros, lenhadores etc; danças-quadrilha, da fita, moçambique, o jongo, a folia do divino; brinquedos-rodas pneu, gongorra e outros.
Edith criou fama ao criar Nossa Senhora das Flores, São Francisco e fazer mini-presépios.

Reside, também na rua Imaculada n° 298, a mais antiga figureira Dona Idalina da Costa Santos, nascida em 1914, mãe de Ismênia Aparecida dos Santos, atual presidente da Casa do Figureiro (out/01) e de Maria Alice Santos de Oliveira,
outra filha também artista.


Outra figureira residente na rua Imaculada é Rita Huesca Hidalgo (1942), que se assina RHH, cuja casa é quase vizinha à das três irmãs acima referidas. Faz imagens de Santos. Seu filho Henrique Huesca Hidalgo, que se assina HHH , também é artista, bem como Ana Amélia Huesca Hidalgo, outra filha.
Contato:
(12) 3632-9482.


Não podem deixar de ser citadas, outras famosas figureiras, como Virginia Nogueira, conhecida como Edwiges, já falecida, que foi uma das primeiras artistas a alcançar fama nacional. Outros nomes importantes são os de Maria Eugênia Marcondes, Anita da Silva Sampaio, Benedito Gomes da Silva, Maria da Silva, Anastácia Costa dos Santos, Anastácia de Oliveira, Sebastião Oliveira conhecido como Padeiro Oliveira, Bartholomeu Nogueira (filho de Edwiges) e sua mulher Maria Benedita Nogueira.

Os artesãos ligados à Casa do Figureiro e os da rua Imaculada possuem uma convivência marcada por grande amizade e camaradagem. Quando algum recebe uma encomenda, e não tem condições de atender no prazo, repassa parte ou tudo para um ou vários companheiros.


Certa ocasião, um laboratório farmacêutico encomendou cerca de 1500 figuras de médicos, para presentear participantes de um congresso, tendo sido a encomenda dividida entre vários artistas, o que favoreceu o cumprimento do prazo.

O barro usado na confecção das peças é obtido lá pelos lados do Rio Itaim, que corre próximo à cidade. Este mesmo procedimento era adotado pela Fábrica de Louça Santa Cruz, durante muitos anos uma das maiores indústrias da cidade de Taubaté, que chegou a ter 2200 empregados, cujas atividades foram encerradas em 1964.
 
O maior incentivador da arte das Figureiras de Taubaté foi o Professor Rossini Tavares de Lima, falecido em 1987, que dentre outras medidas de incentivo e reconhecimento, coordenou em 1964, no Parque Água Branca em São Paulo-SP, a primeira exposição das Figureiras. Como singela homenagem, as irmãs Cândida e Luiza mantêm, na parede da oficina, sua foto emoldurada.
    
Anualmente, no dia 19 de agosto, acontece na cidade de Taubaté a Festa do Folclore do Bairro da Imaculada, tradição desse povo alegre, que remonta há mais de 150 anos . Na ocasião, apresentam-se grupos folclóricos, duplas sertanejas, quadrilhas, espetáculos musicais e outras manifestações regionais, festivas e culturais.


A princípio, eram confeccionados presépios. Depois surgiu o pavão, a chuva de pavões, e outros temas se foram seguindo. Hoje em dia, existem muitas outras criações. Alguns artistas fazem o presépio tradicional e nele colocam chuvas.
Por isso, existem presépios com chuva de vaquinhas, de patinhos,
de carneirinhos e por aí vai. A sutileza e a ingenuidade criativa não têm limites.


Muitas vezes, surgem encomendas especiais, feitas por colecionadores do Brasil e do exterior. Certa ocasião,
pediram para as três irmãs uma Chuva d'
Angola de maior tamanho. Foi confeccionada uma, com 121 galinhas,
medindo cerca de 1 metro de altura, dimensão bem superior às que normalmente são feitas
-25 cm de altura - com cerca de 20 galinhas.

Em Taubaté, existem outros artistas que trabalham com o barro, fazendo peças diferentes das tradicionais. Décio de Carvalho Junior, filho da figureira Teca, nascido em 1969, é escultor. Suas peças retratam temas religiosos e regionais. Faz também rostos e bustos, tudo em terracota, que é queimada no forno existente na Casa do Figureiro, sem esmaltação.

Esta atividade artística, existente desde o século XIX, tem sido transmitida de pais para filhos, através das gerações, permitindo que haja uma efetiva preservação desta original tradição cultural, com raízes bem brasileiras.

Deve ser observado que as obras destes artistas preservam verdadeiros tesouros de nossa nacionalidade. É por isto que vale a pena conhecer e prestigiar os trabalhos deste importante pólo criativo da cultura popular brasileira.

Pesquisa, texto e fotos: Renato Wandeck

Referências Bibliograficas:Revista Palavra. Nº 14, junho 2000.
Casa Claudia-Artesãos do Brasil. Ano 24 nº 464, 2000
Pavilhão da Criatividade: Memorial da América Latina:Brasil/Maureen Bisilliat,1999
 
disponível em:

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Folia de Reis Estrela da Manhã(RJ)



A única Folia de Reis em atividade no município é a Estrela da Manhã, de Mont Serrat, com mais de 70 anos de existência. Seu mestre de cerimônias é Alexçandro do Santana, o Neneco, que herdou a honraria depois da morte do pai, mestre Victor, em 2010. A folia inicia de 24 para 25 de dezembro uma jornada de 12 dias, andando diariamente de casa em casa por 12 quilômetros até o Dia de Reis, 6 de janeiro. Depois segue para a charola, que se estende até o 20 de janeiro, dia em homenagem a São Sebastião. Hoje, conta Neneco, os empregos não dão folga e o jeito é pegar os adolescentes em férias para participar. A Estrela da Manhã conta com 16 integrantes de todas as gerações – o mais novo tem 13 e o mais velho, 79 anos – para representar os personagens que contam a história do nascimento de Jesus em 25 versos até a cruz. Os três reis magos aparecem nas figuras do mestre folião, o contra-mestre e os companheiros. Os mestres responsáveis por manter o ritmo da toada com instrumentos de corda, como cavaquinho, bandolim, rabeca e violino, caixas, sanfona, pandeiro triângulo, afoxé e reco-reco.
Eles se vestem com chapéu e uniforme que lembram marinheiros. Até mesmo os palhaços, que fazem a chula, a dança, vestem fardas coloridas e máscaras para incorporar os soldados de Herodes que, segundo a história, mataram as crianças com até dois anos de idade. Tem também a Catirina, a prostituta que anda no meio dos palhaços: é um homem com máscara de mulher que não fala e nem dança Na charola são só oito membros – os palhaços não participam – para contar a história de São Sebastião, que teria sido morto pelos índios. ‘Ele não morreu na terceira flexada. Foi curado por uma família e viveu até os 89 anos. Suas relíquias estão em Milão, na Itália”, diz Neneco. No dia de São Sebastião sai uma procissão com a imagem do santo da casa do próprio Neneco e segue até a igreja de Mont Serrat, a mais antiga do município, para a celebração da missa.


Serviço
Endereço: A Folia anda por várias ruas da cidade.

Texto de Levy Gasparian
publicado em http://mapadecultura.rj.gov.br/comendador-levy-gasparian/folia-de-reis-estrela-da-manha/#prettyPhoto

Baião de Luiz Gonzaga




13 de dezembro é dia do centenário Luiz Gonzaga!

"O Brasil se encantou pela música do sertão. Luiz Gonzaga se preocupou em retratar historias, a vida, os costumes, a cultura e o sofrimento do povo nordestino. Ele denunciava suas angustias em face dos problemas políticos e sociais existentes no país em relação ao nordeste." http://www.ebc.com.br/cultura/gonzaga100/galeria/audios/2012/12/musica-nordestina-caiu-no-gosto-popular-com-luiz-gonzaga

Para saber mais:

http://www.ebc.com.br/gonzaga100